quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Religião

Não gosto de falar em religião aqui no blog, pois, além de não ser lá muito "religioso", acho que esse assunto, quando abordado na mídia "errada", causa excesso de polêmica.

Mas ontem li um texto muito bom, que vale a pena ser lido. O acontecido foi em Abril, mas, o assunto não é "passado". Segue o post abaixo, cujo original está no Blog do meu amigo Túlio.


No Brasil, futebol é religião

Um episódio envolvendo os badalados jogadores do Santos em Abril chamou a atenção de todos.

Os craques santistas fizeram uma visita a uma entidade chamada Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com paralisia cerebral. O objetivo era entregar ovos de Páscoa e passar algum tempo com as crianças. Mas, alguns dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusaram a entrar na entidade e ficaram dentro do ônibus do clube, sob a alegação de que são evangélicos e a entidade era espírita.

Sobre o fato, Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico e santista desde pequenininho, fez a seguinte reflexão:

"Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você trem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixam de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental."

Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho.

Fonte: Pavarini

Um comentário:

Thiago disse...

Religião sempre dá pano pra manga, acho que as pessoas deveriam se preocupar mais com o fim, com o oobjetivo, do que com os meios.
Se a intenção é ajudar o próximo, promover a caridade, dar luz à vida de outrem sem esperar nada em troca, não importa se vc faz sob a roupagem da religião A, B ou C ou sob a 'farda' de determinado grupo de filosofia de vida. O que importa é a ação, o que ela trará de resultados, sem que haja por trás uma manipulação ou um argumento fortuito para promover alguém.

Tomara que um dia os homens cheguem a um consenso e se preocupem com a harmonia e não com qual 'Deus' ou 'messias' louvar.