20 anos depois dos 20 anos

21 de junho de 1989. Terminava, naquele dia, o maior jejum de títulos da história de um certo alvinegro carioca, conhecido pela sua superstição e seus grandes craques. No último domingo, o clube comemorou 20 anos do fim deste jejum, que, não por acaso, foi de 20 anos.

Este blogueiro que vos fala, na época, tinha 6 anos. Entendia pouco de futebol, é verdade, mas já tinha o sangue botafoguense do pai. E, na verdade, lembro de poucas coisas da época que eu tinha 6 anos. Mas lembro muito bem desse título.

O time campeão de 89.

Voltando um pouco, a 1ª lembrança que eu tenho, é de um Botafogo x Bangu, que eu vi num sábado, na casa da minha vó. O Botafogo precisava vencer o jogo, para ser campeão da Taça Rio e enfrentar o Flamengo na decisão. E, o Botafogo não conseguiu vencer, o jogo terminou 0x0. Meu pai, obviamente, reclamava. Afinal, o Botafogo dependeria de um tropeço do Flamengo frente ao Vasco, na segunda-feira seguinte, para ir à decisão. E eu (me lembro disso!) disse ao meu pai, com aquela segurança inocente que só uma criança pode ter, que ele poderia ficar tranquilo, que o Vasco ia ganhar do Flamengo, e o Botafogo ia ser campeão.

Resultado do jogo de segunda-feira: Vasco 2x1 Flamengo, Botafogo na decisão. Deste jogo lembro do Roberto Dinamite dando uma entrevista antes do jogo, falando que o Vasco jogaria pelo Botafogo naquele dia.

Enfim, viria a decisão. O 1º jogo foi empate. A decisão era em até três jogos, numa melhor de 4 pontos. Como o Botafogo tinha 1 ponto de bonificação por ter tido a melhor campanha do carioca, e a vitória valia dois pontos, apenas uma vitória do Botafogo acabaria com a decisão naquele 21 de junho. E foi o que aconteceu.

O time do flamengo era forte. Tinha Aldair, Junior, Jorginho, Zico, Renato, Zinho... Já o Botafogo, era um time "brigador", sem grandes estrelas. O jogo foi amarrado no primeiro tempo. No segundo, aos 10 minutos, Zico ia bater uma falta na entrada da área. Deu medo. Mas foi pra fora. Logo depois ele saiu, entrou o Marquinhos. Sim, eu me lembro disso. Um minuto depois, o reserva Mazolinha entrou pela esquerda, cruzou e Maurício emendou de primeira... 1x0 Fogão! Eu e meu pai batiamos na mesa, comemorando. Ele batia de verdade, eu mais fazia carinho do que batia, com aquela força de 6 anos de idade.

Fim de jogo, fim de jejum. Festa no Maracanã, e festa lá em casa também. Há 20 anos atrás, o Botafogo conquistava o campeonato carioca e o coração de uma criança de 6 anos. O meu.