Botafogo x Flamengo

Pensei em escrever alguma coisa sobre o jogo, mas não sei se conseguiria ser imparcial. Li a coluna do Lédio Carmona no globoesporte.com, é mais ou menos o que eu penso... enjoy.

"O jogo que eu vi, sem cortes, foi Botafogo 2 x 2 Flamengo. Eu entendo os dois lados da moeda: os rubro-negros comemoram seu 29º Campeonato Carioca. E não tem como ser diferente. Nos pênaltis, após um gol de empate conseguido após chute histórico de Renato Augusto. Empate que valeu como vitória, numa partida no qual os alvinegros foram melhores, mas que, queiram ou não, teve seus momentos de equilíbrio pela raça rubro-negra. E o torcedor do Botafogo tem direito a reclamar da arbitragem, que falhou feio ao marcar impedimento inexistente de Dodô no último minuto. Provavelmente seria gol. O auxiliar errou. O árbitro errou. E assim foi, é e sempre será o futebol. O choro e o êxtase se completam. Sem trégua.

Uma grande decisão. Mantenho a minha convicção: o Botafogo tem um time superior ao do Flamengo. Foi melhor nas duas partidas. Mas, com ou sem Beltrami, poderia ter decidido os jogos. Tanto domingo passado quanto hoje. Há uma semana, recuou demais e pagou pela bobagem de Júlio César. Hoje, teve um Flamengo mais forte e equilibrado como adversário. Mais raçudo. Mais organizado. E por isso não teve um domínio tão flagrante como no primeiro tempo da última semana. Mas foi melhor. E, de novo, não soube decidir.

No primeiro tempo, com mais posse de bola, o Botafogo foi (um pouco) melhor. Tinha mais frieza e organização tática, também. Mas as chances não foram muitas. A melhor delas, de Zé Roberto, foi neutralizada por Bruno. O Flamengo, como já escrevi, marcava forte. Não concordo com quem criticou Jaílton. Achei que ele melhorou a marcação do meio de campo. E entendi que Ney Franco mudou mal no intervalo, ao pôr Clayton em campo no segundo tempo. Mas, apesar do domínio do adversário, estava claro que o Flamengo era outro do primeiro jogo da final e, principalmente, de Montevidéu. Apesar de nervoso. Tanto que, coisa que a conquista apaga, Renato Augusto e Souza se xingaram num dos raros contra-ataques que deram certo na etapa inicial.

Segundo tempo. O gol de Souza, logo aos sete minutos, após belo lance de Juan, poderia ter mudado o jogo totalmente. Mas Juninho, quatro minutos depois, empatou, de cabeça. E Dodô, com balãozinho e tudo, virou aos 15m, após excelente jogada de Jorge Henrique – Dodô terminou o Campeonato Carioca, pelo segunda vez consecutiva, como artilheiro, desta vez junto com Marcelo, do Madureira, com 13 gols.

Aí, veio o detalhe. Talvez tão importante, e também pouco notado pelos alvinegros, quanto o de Beltrami. O Botafogo poderia ter matado a partida, como na semana passada, em pelo menos três oportunidades. Com Dodô, num chute que Bruno salvou, com Lúcio Flávio e, principalmente, com Joilson, que perdeu gol inacreditável. Veio o castigo ilustrado no chute inacreditável de Renato Augusto.

Pimba: 2 a 2. Aí, o Flamengo equilibrou. O Botafogo sentiu o baque e, no fim, o erro de Beltrami. Mas, aí deixo duas questões: o Botafogo deixou de ser campeão por causa de Beltrami ou também porque não soube fazer os gols decisivos, como reconheceu Cuca, com extrema elegância, para ser campeão? Ou o Flamengo só foi campeão por causa do árbitro ou porque também teve seus méritos? Como o de ter um goleiro 345 vezes melhor do que Max e que fez a diferença na cobrança de pênaltis.

Claro: Dodô, expulso porque concluiu a jogada mesmo após ter ouvido a marcação errada do trio de arbitragem, fez falta na disputa de pênaltis. Mas dá para garantir que tudo seria diferente? Não dá. A alegria é justa. A tristeza e reclamação, justificáveis. Talvez a frase de Cuca, após a partida, explique bem o resultado, como já tentei e não talvez não tenha conseguido. “O Flamengo teve muita sorte. A bola bate no travessão e sai, o goleiro espalma, e ninguém completa. Fomos melhores em todos os sentidos, mas não soubemos matar o jogo quando estava 2 a 1. Nossa equipe é melhor que a deles”.

O Flamengo teve sorte? Sim. O Botafogo é melhor? Sim. Mas, como disse Cuca, tudo seria diferente se o melhor ataque e o melhor de meio de campo não tivesse dado sopa para o azar. Flamengo campeão. É o futebol. Parabéns."